Largo do Boticário: história, como chegar e o que fazer por lá

O Largo do Boticário, no bairro do Cosme Velho, é um dos lugares mais charmosos e surpreendentes do Rio de Janeiro. Escondido entre ruas movimentadas e rodeado pela mata do Parque Nacional da Tijuca, esse cantinho preserva casarões coloniais, uma atmosfera tranquila e muita história. Por anos, o Largo do Boticário foi quase um segredo entre moradores e poucos turistas, mas recentemente passou por um processo de revitalização e voltou a chamar atenção. Hoje, com novas opções de hospedagem e espaços abertos ao público, ele se tornou um excelente passeio para quem quer conhecer um Rio diferente do tradicional.

A beleza do lugar começa já na sua entrada: uma pequena rua sobre o rio Carioca dá acesso a um largo rodeado por casarões coloridos de arquitetura neocolonial, compondo um cenário que parece saído de um filme de época. Apesar de estar a poucos minutos de atrações conhecidas como o Cristo Redentor e o Trem do Corcovado, o Largo do Boticário oferece uma experiência mais intimista e contemplativa. Perfeito para quem quer caminhar com calma, tirar fotos e mergulhar na história do Rio.

Beco do Boticário: história, como chegar e o que fazer por lá
Foto: Camila Santos / Me Leva Contigo

O charme do Largo do Boticário não está apenas na estética, mas na atmosfera. É um local onde o tempo parece passar mais devagar. A presença do verde abundante, dos sons do rio e das aves, além da pouca movimentação de carros, faz com que a visita seja quase terapêutica. Ideal para uma pausa na correria da cidade e, também, para refletir sobre o passado carioca e o patrimônio histórico que ainda resiste.

Hoje, visitar o Largo do Boticário é um convite para ver o Rio com outros olhos: não o do agito da orla ou do centro, mas de um lugar que mistura cultura, natureza e possibilidades. Para quem está montando um roteiro pelo Cosme Velho ou busca um cantinho mais reservado na cidade, esse é um passeio indispensável.

Como chegar no Largo do Boticário, no Cosme Velho

O Largo do Boticário está localizado na Rua Cosme Velho, número 26. É possível chegar até lá de carro, transporte público ou até mesmo caminhando, caso você esteja hospedado na região. O acesso é feito por um beco estreito, o famoso Beco do Boticário, que passa por uma ponte charmosa sobre o rio Carioca. Essa entrada discreta reforça o clima de descoberta e mistério do lugar.

Se você estiver de metrô, a estação mais próxima é a do Largo do Machado. Dela, é possível pegar ônibus ou um carro de aplicativo até o Cosme Velho, em um trajeto de aproximadamente 10 minutos. Algumas linhas de ônibus que passam próximas ao Largo do Boticário são a 117 (Troncal x Central), 422 (Grajaú x Cosme Velho) e 580 (Leme x Cosme Velho). É sempre bom verificar os itinerários em tempo real para evitar surpresas.

Para quem vem do centro ou da Zona Sul, o trajeto de carro é relativamente rápido, mas vale lembrar que o Cosme Velho costuma ter bastante trânsito em horários de pico, especialmente por ser o principal acesso ao Trem do Corcovado. Uma dica é visitar o Largo do Boticário pela manhã, em dias de semana, quando há menos movimento na região.

A caminhada até o largo também pode ser uma atração em si. A Rua Cosme Velho, arborizada e repleta de casarões históricos, proporciona um passeio agradável. Ao chegar no Beco do Boticário, o visitante já começa a sentir a mudança no ambiente: o som da água corrente, o frescor da mata e os casarões revelam um outro lado do Rio, mais calmo e nostálgico.

História do Beco do Boticário

A história do Beco do Boticário começa no século XIX. O local passou a ser conhecido assim por causa de Joaquim Luís da Silva Souto, um boticário que atendia membros da corte e tinha sua farmácia na antiga Rua Direita (atual Primeiro de Março). O nome pegou e, com o tempo, o espaço se tornou uma referência na cidade. Em 1831, o marechal Joaquim Alberto de Souza Silveira, padrinho de Machado de Assis, foi o primeiro a construir uma residência ali.

Durante o Império, o Largo do Boticário foi um ponto de encontro da elite carioca. As construções, de estilo neocolonial, chamavam a atenção por sua beleza e por estarem em meio à natureza. Há registros de que Dom Pedro II e outros membros da aristocracia frequentavam o espaço. Os jardins foram possivelmente desenhados por Auguste Glaziou, o mesmo paisagista responsável por boa parte dos parques da cidade.

Com o passar das décadas, o Largo do Boticário foi perdendo seu protagonismo. Os casarões começaram a se deteriorar e a região caiu no esquecimento. Ainda assim, muitos artistas e intelectuais buscaram refúgio por lá. Nas décadas de 1970 e 1980, era comum ver gravações de novelas e filmes aproveitando o visual bucólico e cinematográfico da área.

Foi somente a partir de 2020 que o lugar voltou a receber investimentos. A Accor comprou os casarões, restaurou as estruturas originais e transformou o largo em um novo polo de turismo e cultura. Hoje, o Largo do Boticário preserva sua essência histórica, mas com uma cara renovada e vibrante, unindo passado e futuro de forma harmoniosa.

Como era o Beco do Boticário antes

A revitalização do Largo do Boticário marcou um novo capítulo na história desse cantinho histórico do Rio de Janeiro. Durante anos, os casarões do largo ficaram abandonados, com estruturas deterioradas e pouca movimentação turística.

Fotos: Camila Santos / Me Leva Contigo

Em 2020, a rede francesa Accor adquiriu o conjunto arquitetônico e iniciou um projeto ambicioso de restauração, preservando as características originais dos imóveis, como as fachadas neocoloniais e detalhes em madeira, mas adaptando os espaços para uma proposta moderna e acolhedora. O objetivo era devolver ao Largo do Boticário seu protagonismo como um polo cultural e turístico, mantendo o equilíbrio entre história, natureza e inovação.

Como está o Largo do Boticário agora

O resultado foi a criação do JO&JOE Rio de Janeiro, uma hospedagem que mistura o estilo de hotel e hostel com áreas comuns abertas ao público, como bar, restaurante e piscina. A ideia central do JO&JOE é oferecer mais do que uma estadia: é criar um ponto de encontro entre moradores, viajantes e artistas. A transformação revitalizou não só os casarões, mas também a energia do local, atraindo eventos culturais, shows, encontros criativos e novos olhares para o Cosme Velho. Com essa nova proposta, o Largo do Boticário voltou a fazer parte do roteiro turístico carioca, agora com infraestrutura moderna e acessível, mas sem perder sua essência histórica.

Curiosidades sobre o Largo do Boticário

  • Uma das grandes personalidades que chegou a frequentar o Largo do Boticário foi Walt Disney, que esteve na residência da família de Edmundo Bittencourt, fundador do Correio da Manhã, um dos jornais mais importantes da história do Brasil. De acordo com registros, nesta visita teria surgido a ideia do personagem “Grilo Falante”, criado por Walt Disney depois que um pequeno grilo pousou nas mãos de Sybil Bittencourt, que na época era criança.
  • Foi também no Beco do Boticário, que Cândido Portinari, um dos mais importantes pintores brasileiros e criador de algumas das  obras de arte mais famosas do Brasil, pintou o retrato da ex-proprietária Sybil Bittencourt, já adulta. Ela, que faleceu no início de 2022, aos 98 anos, foi uma das antigas moradoras mais engajadas na luta pela preservação do local.
  • Em 1970 foi um dos cenários do filme “007 contra o foguete da morte”, que teve também cenas gravadas no Bondinho do Pão de Açúcar. Em 1973 foi a vez da tradicional chamada de fim de ano da Rede Globo ser gravada no local.
  • Já na década de 1990, a região começou a ficar cada vez mais abandonada e as casas começaram a entrar em processo de deterioração. Ainda assim, o Largo do Boticário era procurado para ensaios fotográficos, por estudantes de arte e pintores, por ter alguns cenários muito bonitos.
  • Uma das casas foi também residência do padrinho de Machado de Assis, o marechal Joaquim Alberto de Souza Pereira. Outra moradora ilustre foi a famosa crítica teatral Barbara Heliodora, filha de Marcos de Mendonça.

Largo do Boticário como Patrimônio Cultural

O local é tombado desde 1987 pelo Instituto Estadual de Patrimônio Cultural (Inepac). Em 2018 foi aprovada uma lei permitindo a recuperação das construções. 

O que fazer no Cosme Velho?

O Cosme Velho é um bairro repleto de atrações culturais e naturais. Para quem vai visitar o Largo do Boticário, vale aproveitar o passeio para conhecer também o famoso Trem do Corcovado, que parte da estação próxima ao largo e leva até o Cristo Redentor. O trajeto é encantador, passando por trechos preservados da Mata Atlântica.

Outra parada interessante é a Casa Roberto Marinho, um centro cultural instalado na antiga residência do jornalista e empresário. O espaço oferece exposições de arte, jardins agradáveis e uma cafeteria charmosa. Fica bem próximo ao Largo do Boticário e é um ótimo complemento para um dia de passeio pelo bairro.

Conclusão

O Largo do Boticário é um verdadeiro tesouro escondido no Cosme Velho, onde o charme da arquitetura histórica encontra a vibração da natureza e da cultura carioca. Depois de anos de abandono, sua revitalização trouxe nova vida ao local, com a chegada do JO&JOE e uma proposta inovadora de hospedagem e convivência. Visitar o Largo do Boticário é uma oportunidade de mergulhar na história do Rio de Janeiro de uma forma única, longe dos roteiros óbvios e com um clima de tranquilidade e descoberta.

Seja para explorar suas curiosidades históricas, tirar fotos encantadoras, participar de eventos culturais ou simplesmente relaxar em um ambiente charmoso e acolhedor, o Largo do Boticário merece um lugar na sua lista de passeios imperdíveis. E com a facilidade de acesso e uma nova opção de hospedagem cheia de personalidade, não faltam motivos para conhecer — ou redescobrir — esse cantinho encantador do Rio.

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