Circuito Pequena África: tour pela herança africana no Centro do Rio

O Circuito Pequena África, na região portuária do Rio Janeiro, é um tour que promove o resgate da memória africana na cidade, especialmente com a restauração de pontos como o Cais do Valongo e a valorização de locais como a Pedra do Sal, fez com que essa área se tornasse um ponto de encontro para quem busca aprofundar seu conhecimento sobre a cultura afro-brasileira.

Atualmente, a Pequena África Rio de Janeiro é um dos destinos mais visitados por quem deseja entender melhor a formação cultural do Brasil. Por isso, o circuito Pequena África RJ também tem sido objetivo de projetos de revitalização urbana, especialmente com a criação do Boulevard Olímpico e do Museu do Amanhã, que se integram ao contexto histórico da região. Além de ser um espaço de reflexão, é também um local onde a cultura continua viva, com rodas de samba, feiras culturais e eventos que celebram a herança africana.

Por esta razão, vamos explorar neste artigo, o que é e como funciona o Roteiro Pequena África e qual a importância dele para o afroturismo no Brasil.

Circuito Pequena África

Recomendamos que ao explorar a Pequena África do Rio de Janeiro você esteja acompanhada com um guia ou um historiador para entender toda a história por trás da região. Para além de um atrativo turístico, o roteiro Pequena África possui pontos imperdíveis que foram fundamentais para a construção do Rio de Janeiro enquanto cidade. Abaixo, listamos todos os pontos do roteiro para uma visita completa, mas antes, confira o pequena áfrica rj mapa:

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1. Cais do Valongo

Foto: Camila Santos

O roteiro geralmente começa no Cais do Valongo, que é um Patrimônio Mundial da UNESCO desde 2017, e é o local mais emblemático do circuito. Ele foi o principal ponto de desembarque de africanos escravizados no Brasil, e as escavações arqueológicas na área revelaram artefatos que contam a história do tráfico negreiro. Uma visita ao Cais é uma experiência profundamente emocional, permitindo que os visitantes reflitam sobre a história e as cicatrizes da escravidão.

2. Pedra do Sal

A Pedra do Sal, localizada no bairro da Saúde, é conhecida como o berço do samba. O local, que tem importância cultural e religiosa, era o ponto de encontro de comunidades negras no início do século XX, onde as rodas de samba começaram a tomar forma. Atualmente, as rodas de samba na Pedra do Sal continuam atraindo locais e turistas, mantendo viva essa herança musical.

3. Instituto dos Pretos Novos

O Instituto dos Pretos Novos (IPN) é um centro cultural e arqueológico que abriga os restos mortais de africanos recém desembarcados que não resistiram às péssimas condições de vida. Localizado no bairro da Gamboa, o IPN é um memorial que promove o estudo e a preservação da história africana e afro-brasileira no Rio de Janeiro.

4. Museu de Arte do Rio (MAR)

Embora não faça parte diretamente do circuito Pequena África, o Museu de Arte do Rio, localizado na Praça Mauá, oferece exposições que frequentemente dialogam com a história da região e a cultura afro-brasileira. O MAR é uma excelente parada para quem deseja ampliar o entendimento sobre a formação cultural do Rio de Janeiro.

5. Morro da Conceição

O Morro da Conceição é outro ponto histórico dentro da Pequena África, onde é possível ver as antigas construções e becos que abrigavam os moradores da região. É um dos locais mais preservados, com uma vista deslumbrante da cidade e ruas que parecem ter parado no tempo.

Durante o período colonial, o Morro da Conceição foi um reduto de afrodescendentes e marinheiros que viviam na região portuária. Hoje, além de sua beleza histórica, o morro oferece vistas panorâmicas da cidade e abriga uma comunidade vibrante, com ateliês de artistas, bares e eventos culturais. Caminhar por suas ruas é como fazer uma viagem ao passado, proporcionando uma experiência autêntica e enriquecedora dentro do circuito da Pequena África.

6. Largo da Prainha e a Estátua da Bailarina Mercedes Baptista

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Foto: Camila Santos

O Largo da Prainha é outro local emblemático dentro da Pequena África RJ. Situado no bairro da Saúde, este espaço público foi historicamente um ponto de encontro de comunidades afrodescendentes e cenário de manifestações culturais significativas. No largo, destaca-se a estátua da bailarina Mercedes Baptista, a primeira bailarina negra a integrar o corpo de baile do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Mercedes foi pioneira na valorização da dança afro-brasileira e uma figura crucial na luta contra o preconceito racial nas artes. A estátua em sua homenagem não apenas celebra sua contribuição para a cultura brasileira, mas também simboliza a resistência e a importância da representatividade. Visitar o Largo da Prainha oferece uma oportunidade única de conectar-se com esse legado e compreender ainda mais a influência africana na formação cultural do Rio de Janeiro.

7. Casa da Tia Ciata e a Pequena África no Rio de Janeiro

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Foto: Camila Santos

A Casa da Tia Ciata é um dos locais mais importantes no contexto cultural da Pequena África RJ. Hilária Batista de Almeida, mais conhecida como Tia Ciata, foi uma das figuras centrais na preservação e disseminação da cultura afro-brasileira no Rio de Janeiro. Nascida na Bahia, ela se mudou para a capital fluminense no final do século XIX, estabelecendo-se na região da Praça Onze, dentro do circuito da Pequena África. Sua casa se tornou um ponto de encontro de músicos, sambistas e líderes religiosos do candomblé, sendo considerada o berço do samba carioca. Foi nas reuniões e festas promovidas por Tia Ciata que o samba, tal como o conhecemos hoje, começou a ganhar forma e projeção.

Além de sua contribuição para o samba, Tia Ciata e a Pequena África no Rio de Janeiro também tiveram grande impacto nas tradições religiosas de matriz africana, como o candomblé. A casa da Tia Ciata era um espaço de resistência cultural e religiosa, onde rituais e celebrações eram mantidos, mesmo sob a repressão da época. Sua influência foi tão marcante que ela se tornou uma das maiores referências da Pequena África no Rio de Janeiro, conectando a tradição afro-brasileira às práticas culturais que moldaram a identidade da cidade. Até hoje, seu legado é lembrado nas rodas de samba e nas celebrações culturais que acontecem na região.

8. Jardins Suspensos da Babilônia

8. Jardins Suspensos da Babilônia
Foto: Camila Santos

Os Jardins Suspensos da Babilônia, localizados no Morro da Conceição, são uma joia escondida dentro da Pequena África RJ. Construídos no início do século XX, esses jardins foram idealizados por Luiz Rey, um imigrante francês que comprou o terreno e transformou o local em um espaço exuberante de paisagismo. Com vistas deslumbrantes da Baía de Guanabara e cercados por uma vegetação tropical abundante, os Jardins Suspensos oferecem uma atmosfera de tranquilidade e beleza, contrastando com a agitada vida urbana da cidade. O espaço também é uma representação do processo de urbanização da região, que manteve sua conexão com a natureza, mesmo em meio à expansão portuária.

Além da beleza natural, os Jardins Suspensos da Babilônia têm grande valor histórico, sendo parte da memória cultural da Pequena África no Rio de Janeiro. O local preserva a arquitetura original e os elementos decorativos que remetem ao início do século passado, atraindo visitantes que buscam conhecer mais sobre a história da cidade. Hoje, o espaço é utilizado para eventos culturais e atividades ao ar livre, proporcionando uma conexão entre o passado histórico da região e as novas gerações. Visitar os Jardins Suspensos da Babilônia é uma oportunidade de apreciar a fusão entre natureza, história e cultura afro-brasileira.

A história da Pequena África RJ

A história da Pequena África Rio de Janeiro começa nos séculos XVIII e XIX, quando a região da atual zona portuária passou a ser o principal ponto de chegada de africanos escravizados ao Brasil. O Cais do Valongo, restaurado em 2011, foi a porta de entrada de aproximadamente 1 milhão de escravizados, o que fez dessa área uma das mais importantes na narrativa da diáspora africana no país.

Após a abolição da escravatura, em 1888, muitos ex-escravizados e seus descendentes permaneceram na região portuária, formando comunidades onde suas tradições culturais, religiosas e musicais se mantiveram vivas. A influência africana foi fundamental para a criação de práticas como o samba e as rodas de samba da Pedra do Sal, uma das principais atrações da Pequena África RJ.

A Pequena África Rio de Janeiro também é um símbolo da luta contra o racismo e da preservação da cultura afro-brasileira, sendo hoje uma região valorizada por suas memórias e histórias.

Como chegar à Pequena África Rio de Janeiro?

A Pequena África, localizada na região central do Rio de Janeiro e é um dos maiores tesouros culturais da cidade. Envolvendo bairros como Saúde, Gamboa e Santo Cristo, esse circuito histórico oferece uma rica conexão com o passado, revelando a contribuição fundamental da população africana e afrodescendente para a formação do Brasil.

Para fazer o tour guiado da Pequena África RJ, há várias opções de transporte, facilitando o acesso a essa importante região histórica. O principal ponto de referência é a Praça Mauá, que é o marco inicial para explorar o circuito. Você pode chegar de transporte público, utilizando as linhas de ônibus que passam pela zona portuária, ou pelo VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), com estações na área. A Estação Parada dos Navios, próxima ao Museu do Amanhã, é uma das mais acessíveis. Para quem prefere o metrô, a Estação Uruguaiana também é uma boa opção, seguida por uma curta caminhada.

Se você optar por transporte privado, há estacionamento próximo ao Boulevard Olímpico e também em locais como o Museu de Arte do Rio (MAR). A partir daí, é possível explorar a região a pé, aproveitando para conhecer o circuito de forma imersiva.

Como explorar o Circuito Pequena África RJ?

Para explorar o Circuito Pequena África RJ de forma completa, o ideal é fazer o circuito a pé (acompanhado de um guia ou um historiador) aproveitando para sentir a energia histórica do lugar. Além disso, muitos tours guiados estão disponíveis para quem deseja conhecer a fundo as histórias por trás dos pontos turísticos. Esses guias locais são fundamentais para compartilhar detalhes que enriquecem a experiência, oferecendo uma visão mais profunda sobre o significado de cada local.

A visita à Pequena África Rio de Janeiro não é apenas uma lição de história, mas também uma celebração da resistência e da cultura africana, que tanto contribuiu para a identidade brasileira. É um passeio que mistura memória, arte, cultura e emoção, permitindo que os visitantes conheçam uma parte fundamental da história do Rio de Janeiro e do Brasil.

Conclusão

Em suma, a Pequena África RJ é um dos circuitos mais importantes do Rio de Janeiro para quem deseja compreender as raízes da cultura afro-brasileira. Com seus marcos históricos e memoriais, ela oferece uma jornada profunda pela história da diáspora africana no Brasil, além de ser um lugar onde a cultura negra é celebrada e mantida viva.

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