
Quem passa pela Rua da Glória nesta semana pode até achar que voltou no tempo — e, de certa forma, voltou mesmo. O tradicional Relógio da Glória, que há exatos 120 anos marca as horas no bairro, foi restaurado e será entregue novinho em folha (e engrenagem!) à população nesta terça (15/04).
A intervenção, feita pela Secretaria Municipal de Conservação, devolveu o brilho a um dos mais antigos e charmosos relógios públicos do Brasil — e o único da cidade que ainda funciona com seu mecanismo original. É a velha engenharia alemã da empresa Krussman, de 1905, ainda operando no monumento.
“Esse não é apenas um relógio. É um símbolo de identidade, de pertencimento, e um marco da urbanização moderna da cidade. Restaurar o Relógio da Glória é devolver ao carioca um pedaço da sua própria história”, afirmou o secretário municipal de Conservação e Serviços Públicos, Diego Vaz.
Durante cerca de um mês, a Gerência de Monumentos limpou, pintou, reparou e conservou a estrutura de ferro fundido e a engrenagem centenária. Também foram feitas adaptações para evitar acúmulo de água da chuva, garantindo mais longevidade ao veterano.
Além dos quatro mostradores funcionando direitinho, a caixa de acesso ao mecanismo continua ostentando a inscrição original: “Construído sob a Administração do Prefeito Pereira Passos – 1905”. O monumento é um resquício da reforma urbana de Pereira Passos, que transformou o Rio num cartão-postal inspirado nos bulevares parisienses no começo do século XX.
Um relógio com vista privilegiada
Instalado numa bela balaustrada na encosta entre a Lapa e a Glória, o relógio tem uma das vistas mais emblemáticas da cidade. Antes da construção do Aterro do Flamengo, o monumento ficava à beira mar. À época, foi a Companhia de Ferro Carril do Jardim Botânico (também responsável pelos bondes da cidade) quem fez a iluminação do Monumento, que é formado por uma coluna de 7,5 metros de altura.
O Relógio é tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Artístico-Cultural – INEPAC. Apesar disso, como boa parte dos monumentos cariocas não escapa dos atos de vandalismo. O que é lamentável.