
O Porto de Natal está passando por obras de requalificação que visam impulsionar significativamente o turismo de cruzeiros na capital potiguar. A Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern) está estudando alternativas para permitir a chegada de cruzeiros de maior porte, uma vez que a maior parte das embarcações desse tipo de viagem não consegue passar pela ponte Newton Navarro e movimentar o Porto da capital.
Além disso, o Terminal Marítimo de Passageiros (TMP) de Natal, inaugurado em 2014 com capacidade para 3.000 passageiros por hora, tem sido subutilizado. Segundo dados da Codern, foram 35 cruzeiros ancorados em Natal ao longo desses anos, cada um com média de 500 passageiros. Com o baixo uso, a Codern já decidiu que fará a mudança de sua parte administrativa para o TMP em breve, com o intuito de aumentar a retroárea do Porto de Natal.
Sobre o estudo
Os números constam no estudo “Mercado e Impacto Econômico de Cruzeiros em Natal”, feito pelo Sebrae-RN a pedido da Companhia Docas do RN (Codern) e Secretaria de Estado do Turismo (Setur-RN), divulgado nesta semana. Segundo os dados do mapeamento, Natal está atrás no fluxo de passageiros em comparação aos portos de Recife e Maceió, por exemplo. Neste último caso, a capital alagoana recebeu 99.446 cruzeiristas em 2023, com impacto econômico total de R$ 140 milhões. Recife, por sua vez, recebeu 27.287 cruzeiristas e movimentou R$ 38,4 milhões.
Para se chegar nesses números, foi feito um diagnóstico de 50 embarcações que chegam no Brasil em rotas já conhecidas. Destas, 14 delas já atracaram ou estão programadas para atracar na capital em 2025/2026, demonstrando que o destino já faz parte de algumas rotas de cruzeiros. Além disso, 20 dessas embarcações operam no Nordeste brasileiro, o que representa oportunidade estratégica para ampliar a captação de novas escalas para Natal, fortalecendo sua posição no mercado de turismo marítimo.
Além disso, o turismo de cruzeiros tem suas particularidades e especificidades, como por exemplo a limitação de atrativos e o tempo disponível para a realização de atividades turísticas, ficando limitada a 6 horas, em alguns casos. Entre os atrativos indicados estariam passeio nas dunas e city tour pelo Centro Histórico de Natal.
“Essas 14 embarcações vieram de uma maneira espontânea, não tivemos trabalho de prospecção ativa desde que veio a pandemia, desde que perdemos a rota que era nossa principal em 2013, que era Fernando de Noronha, por questões ambientais. Nossa rota acabou sendo perdida e depois da pandemia houve uma queda de viagens de cruzeiros dentro desse panorama nacional. Agora ele está voltando e com uma força muito grande. Estamos vindo de um período de pós-pandemia e estamos agora retomando o que perdemos baseando no que gostaríamos de trazer para o nosso Estado”, explica Ana Raquel Pena, coordenadora do estudo e consultora de mercado credenciada do Sebrae-RN.
Além disso, o estudo também fez entrevistas com oito instituições/associações do turismo local, além de agências de receptivos do Estado. Foram feitas perguntas como “Quais os principais atrativos turísticos para o turista que chega de cruzeiros em Natal/RN considerando suas limitações?”, “Qual o potencial para o turismo de cruzeiro em Natal/RN?”, entre outras.
“Um dos grandes fatores da nossa pesquisa foi justamente aproveitar esse momento para identificar nosso posicionamento futuro em função dos cruzeiros, respeitando nossa capacidade de infraestrutura atual, no mercado potencial e de como essa movimentação hoje mundial e das tendências e oportunidades que os cruzeiros estão trazendo no setor do turismo”, acrescenta a pesquisadora.
As obras de requalificação nas praias de Natal também têm contribuído para aquecer o turismo na região. A chegada da alta estação, somada à engorda de Ponta Negra e às obras de requalificação da orla e de equipamentos turísticos de Natal, tem animado os comerciantes da capital, que projetam alta nas vendas e já comemoram a grande circulação de visitantes.
Com essas iniciativas, Natal busca consolidar-se como um destino atrativo para o turismo de cruzeiros, aproveitando seu potencial turístico e infraestrutura em desenvolvimento.